ATIVIDADES
REMOTAS DE HISTÓRIA PARA OS 6º ANOS I, II e III – SEMANA 24/06 A 30/06 (13ª
SEMANA)
· Leia o texto, copie e responda as perguntas no
caderno.
Rabos & pelos
Darcy Ribeiro, antropólogo, educador e escritor
(1922-1997), escreveu vários trabalhos sobre as culturas indígenas brasileiras.
Teve participação política em vários momentos da história brasileira, ficou
exilado entre 1964 e 1976. Foi responsável pela fundação da Universidade de
Brasília e pela elaboração da lei que rege a educação no Brasil atualmente – a
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Era conhecido por seu bom
humor, evidente no texto a seguir.
Os homens em sua
evolução foram ganhando coisas e perdendo coisas. Algumas perdas foram graves.
Os ganhos foram poucos.
O olfato, por exemplo,
foi uma perda essencial. Qualquer bicho tem faro melhor que o nosso, se orienta
por ele para procurar comida e namorada. Andam até no escuro, guiados pelos
cheiros.
Grave, também foi a
perda do focinho e o encolhimento da boca, mas teve a vantagem de permitir que
a gente abandonasse o hábito de usar a boca antiga para carregar as coisas.
Para isso, começamos a usar as mãos, que também se aperfeiçoaram com o polegar,
que permite manipulações delicadas.
A perda do pelame foi
lamentabilíssima. Um cachorro ou um macaco, ao natural, quer dizer, nus, estão,
vestidos. Nós, nuelos, provocamos escândalos. Isso porque nos faltam os pêlos,
que é a vestimenta natural dos seres. Sem eles, se tem que ficar na moda,
sobretudo as mulheres, o que fica muito caro.
A perda mais grave, a
meu juízo, foi a do belo rabão dos macacos. Trocamos o rabo pela bunda
acolchoada que temos. Mau negócio. Nada nos podia ser mais útil do que bons
rabos. Com eles, nos verteríamos
em primatas desbundados. A única vantagem que trouxe foi nos dar a
possibilidade de usar cadeiras para sentar, mas não seria ruim sentar no rabo enrodilhado no
chão. Pense só na beleza que seria passear, pulando de galho em galho, com a
garantia que o rabo dá para se equilibrar. Melhor, ainda, seria nas fábricas,
nas escolas, em toda parte, os seres providos de rabos teriam os pés e as mãos
livres para fazer coisas. A professora, por exemplo, ficaria controlando a
turma, pendurada pelo rabo no lustre. Em lugar de carteiras, teríamos traves, de parede a
parede, onde o pessoal se dependuraria, liberando as patas e as mãos para o
trabalho. Dependurado nas traves, você podia segurar o livro com a mão
esquerda, pegar a caneta com a mão direita, usar a pata esquerda pra consultar
o dicionário e, ainda, a pata direita para coçar a orelha. Formidável, não é?
A perda mais radical
foi a da posição quadrúpede, que usamos durante muitos milhões de anos, para a
posição ereta. Como os quadrúpedes, púnhamos as quatro patas no chão, o que
dava muito mais solidez. Sobre duas patas, ficamos sempre meio desequilibrados
e, depois, quando se perde uma, fica muito complicado viver e trabalhar. A
consequência principal da adoção da posição bípede foi a dor ciática, que
castiga demais os velhos. É uma dor terrível no traseiro. Dizem que é a saudade
da nossa posição quadrúpede, porque, enquanto tínhamos quatro patas no chão, as
vísceras se
dependuravam na espinha, postas em posição vertical.
Levantando os braços,
as vértebras se comprimem umas nas outras, o que provoca aquela dor
insuportável. O ganho único foi a possibilidade de subir escadas. Você acha que
valeu a pena?
(RIBEIRO, Darcy,
ZIRALDO. Noções de coisas. São Paulo:
FTD, 1995. p.48-9.)
Vocabulário:
Dor
ciática – dor no nervo
da região do quadril.
Enrodilhar – enrolar.
Pelame – a pele dos animais; o pelo.
Trave – viga usada para sustentar uma
construção.
Verter – transformar.
Vísceras – órgãos internos.
Compreendendo o Texto
1.
Qual o assunto do texto? (Sobre o que fala o
texto?)
2.
De qual trecho você mais gostou? Por quê?
3.
Faça uma lista do que os homens ganharam e
perderam em sua evolução segundo o autor do texto.
4.
Você concorda com o autor que, durante a
evolução de nossa espécie, perdemos mais do que ganhamos? Por quê?
5.
No texto, o autor afirma: “A perda mais grave,
a meu juízo, foi a do belo rabão dos macacos”. Que relação você pode fazer
entre essa frase e a teoria da evolução de Darwin que estamos estudando? (Essa
é a teoria desenvolvida por um cientista e fala que os seres humanos nem sempre
foram como hoje, eles evoluíram ao longo dos anos, seus ancestrais eram bem
diferentes, parecidos com macacos, mas não eram macacos, na verdade os macacos
e os seres humanos tiveram um ancestral comum.)
6.
Faça um belo desenho para ilustrar esse texto.
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